quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

sempre que eu fico assim, eu arrumo o meu quarto. Mas, arrumar o quarto nunca me pareceu tarefa tão difícil. Desta vez, mudar de casa me parece mais simples do que arrumar meu quarto para que me sinta à vontade dentro dele. ô vida!
outro dia conversando com o joca, chegamos à conclusão de que ler é muito bom, mas as vezes é muito chato, as vezes você tem que lutar com o livro e a leitura é afinal uma questão de perseverança. Me senti aliviada. eu achava que só eu tinha que fazer força para colocar o mundo pra dentro de mim.
percebera que só lhe restava a si mesma e ainda assim não parecia ser somente o essencial.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

"E, assim dizendo, meu coração bateu no compasso do mais certo. Ele me escutou. Ficou em pé. Manejou remo n'água, proava para cá, concordado. E eu tremi, profundo, de repente: porque, antes, ele tinha levantado o braço e feito um saudar de gesto - o primeiro, depois de tamanhos anos decorridos! E eu não podia... Por pavor, arrepiados os cabelos, corri, fugi, me tirei de lá, num procedimento desatinado. Porquanto que ele me pareceu vir: da parte de além. E estou pedindo, pedindo, pedindo um perdão.

aaaaaSofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei que ninguém soube mais dele. Sou homem depois desse falimento? Sou o que não foi, o que vai ficar calado. Sei que agora é tarde, e temo abreviar com a vida, nos rasos do mundo. Mas, então, ao menos, que, no artigo da morte, peguem em mim, e me depositem também numa canoinha de nada, nessa água, que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro - o rio."

João Guimarães Rosa - A terceira Margem do Rio

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro!

domingo, 2 de dezembro de 2007

winning the war is about not giving up when battles are lost.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Hoje eu fui correr e depois de dar uma volta no lago, vi a exposição do niemeyer sob a marquise. todas as obras, construídas ou não, estão lá documentadas. mas, o mais legal, foi me virar sem querer e ver a oca emoldurada pela marquise sob um céu de um dourado magnífico e o novo teatro com sua língua vermelha um pouco mais à esquerda! a obra exposta numa exposição dentro da obra que está exposta permanentemente no parque do ibirapuera! genial!

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

bons clichês

sobre amigos:

"amigo você não faz. Amigo você reconhece"
Vinícius de Moraes

sobre os homens:

"não escute nada do que ele fala, mas preste atenção em tudo o que ele faz"
anônimo

diálogos não programados

sábado passado fui ver prét-à-porter 8, do centro de pesquisas teatrais do antunes. ontem fui ver o passado, do babenco, baseado no livro do alan pauls. quando saí do teatro, na semana passada, a nana me disse: o que me impressionou da última vez em que eu assisti e nessa de novo, é a tensão que os atores são capazes de produzir no espectador. e eu concordei. vc sai do primeiro ensaio com um buraco no estômago, querendo que a situação tensa se resolva de qualquer jeito, que o barbante tensionado estoure, deixando o malabarista se espatifar no chão, se for o caso, tamanha a tensão que a cena nos causa, nos deixando desesperados por uma solução, seja ela qual for. saí do filme do babenco assim. não que as coisas não se resolvam no filme, de um jeito ou de outro elas acabam se resolvendo na história, mas saí do filme muito tensa e constrangida, e por isso eu gostei, assim como nos laboratórios de pesquisa teatral do antunes, onde o objetivo é literalmente pesquisar processos de representação e ensaiar seus resultados e caminhos, o que gostei do filme foi o caminho e não o destino final. e o caminho é teeenso e extremamente constrangedor. me peguei com as mãos cobrindo o rosto algumas vezes ao longo da sessão. de resto o filme é bom, mas não é o melhor que eu já vi na vida, sabe...

domingo, 25 de novembro de 2007

Tokyo-Ga

Wim Wenders sobre o filme:

"Ozu's work does not need my praise and such a sacred treasure of the cinema could only reside in the realm of the imagination. And so, my trip to Tokyo was in no way a pilgrimage. I was curious as to whether I still could track down something from this time, whether there was still anything left of this work. Images perhaps, or even people… Or whether so much would have changed in Tokyo in the twenty years since Ozu's death that nothing would be left to find."

sábado, 24 de novembro de 2007

hoje assiti Tokyo-Ga, de Wim Wenders. um documentário em busca da tokyo dos olhos de yasujiro ozu. muito bonito o filme. em alguns momentos me sentia assistindo santiago. tokyo-ga e santiago, de joão moreira salles, além do tom e ritmo da narrativa, têm em comum a clara influência e admiração profunda pela obra de ozu. quero assistir os filmes dele. pelas homenagens, imagino serem de um rigor compositivo visual e uma humanindade profunda.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

peguei o carro do meu pai outro dia e na hora em que liguei o carro, essa música estava tocando e eu chorei.

Bridge over troubled water
Simon and Garfunkel

When you're weary, feeling small,
When tears are in your eyes, I will dry them all;
I'm on your side. when times get rough

And friends just can't be found,
Like a bridge over troubled water
I will lay me down.
Like a bridge over troubled water
I will lay me down.

When you're down and out,
When you're on the street,
When evening falls so hard
I will comfort you.
I'll take your part.
When darkness comes

And pains is all around,
Like a bridge over troubled water
I will lay me down.
Like a bridge over troubled water
I will lay me down.

Sail on silvergirl,
Sail on by.
Your time has come to shine.
All your dreams are on their way.
See how they shine.
If you need a friend

I'm sailing right behind.
Like a bridge over troubled water
I will ease your mind.
Like a bridge over troubled water
I will ease your mind.

jogo de cena

o que achei mais incrível nesse filme foi ver como é dificil, ou impossível, sentir a dor dos outros de verdade e pior que isso: não julgá-la. muito foda. muito bom.

a mensagem

essa foi a mensagem de texto mais linda que recebi nesse ano de uma amiga de verdade:

minha amor, te amo e lembre-se de que a vida é maior do que o que acontece aqui na terra. boa noite!

domingo, 18 de novembro de 2007

não consigo concordar com o meu professor do curso de estruturas que diz que o pavilhão do anhembi é mais leve que o MASP tanto estrutural quanto visualmente. eu entendo que o sistema de treliças espaciais permite à cobertura vencer vãos muito maiores com barras esbeltas. mas não é só pela esbeltez de elementos isolados que se define leveza visual ao espaço arquitetônico. aquele emaranhado de barras que compõe as treliças me incomodam demais e são poucos os casos felizes no uso das mesmas na minha opinião. já no MASP, é fato que os pórticos de concreto por serem só dois exigem um dimensionamento nada esbelto para suportar a caixa pendurada e portanto é justo apontar o peso de cada elemento, se analisados isoladamente. Porém a economia de elementos estruturais confere, sim, leveza visual ao conjunto. A delicadeza do MASP está justamente na análise do seu conjunto, o que não acontece no emaranhado das treliças do anhembi. fora que aquele vão livre tem um porquê consciente de praça, de espaço coletivo sob a sombra do museu. é espaço privado protegendo e convidando o público. há algo de singelo naquele vão enorme, que só a economia de elementos estruturais pode conferir. treliças não caberiam jamais nesse discurso, que se se utilizasse delas se tornaria prolixo. na minha opinião menos ainda é mais, mesmo que se precise de mais para fazer menos!





"A tarefa do urbanismo não é projetar a cidade do futuro, mas administrar no interesse comum um patrimônio de valores, (...). Querendo tentar uma definição dessa disciplina flutuante entre estética e sociologia, economia e política, higiene e tecnologia, eu sugeriria a seguinte: o urbanismo é a ciência da administração dos valores urbanos."

Argan - história da arte como história da cidade

peter zumthor



domingo, 11 de novembro de 2007

rien de rien



Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien,
Ni le bien qu'on m'a fait,
ni le mal, tout ça m'est bien égal.

Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien,
C'est payé, balayé, oublié,
je me fout du passé.

Avec mes souvenirs,
j'ai allumé le feu,
Mes chagrins mes plaisirs,
je n'ai plus besoin d'eux.

Balayés mes amours,
avec leurs trémolos,
Balayés pour toujours
je repars à zéro...

Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien,
Ni le bien qu'on m'a fait,
ni le mal, tout ça m'est bienégal.

Non, rien de rien,
non, je ne regrette rien,
Car ma vie, car mes joies,
Pour aujourd'hui
Ça commence avec toi

sábado, 10 de novembro de 2007

light embryo



by jwala
amo de paixão!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

sobre o tim

o único show a que fui do tim, foi a noite de jazz europeu. a crítica massacrou e num ponto eu concordo: não faz muito sentido separar europeus e americanos nas apresentações de jazz. li em algum lugar que é como se houvesse duas noites de samba: uma brasileira e outra japonesa! hahaha!
enfim, foram quatro shows consecutivos. o primeiro, do quirguistanês (!!!) eldar. menino prodígio do jazz, que foi levado para os EUA para estudar por um mecenas que se encantou com a sua capacidade ainda pequeno na antiga união soviética. a crítica o definiu como virtuoso (não há dúvida), barroco (concordo, mas isso não deveria ser pejorativo e no caso foi) e muito jovem, querendo dizer que ele ainda se empolga demais e se exibe demais. pode até ser. mas que foi incrível, isso não há dúvida e ninguém lembrou de comentar... foi meu show preferido sem dúvida nenhuma. eldar e seu baixista e baterista eram excelentes músicos, quebrando tudo e nos arrebatando o coração. desses shows que te deixam com a certeza absoluta de que o mundo é bom! e isso não tem preço!
o outro show bom foi o último, do saxofonista italiano Stefano DiBattista. mas esse já era esperado que fosse bom. e foi isso, na minha opinião, nada mais do que o esperado, o que não tira o mérito, é claro!
já os dois shows do meio nem vale a pena comentar. o auditório se esvaziou completamente, deixando apenas alguns gatos pingados para assistir ao show do italiano que só começou depois da 1h00 da manhã. wheeeeufhhh.

sobre a mostra...

assisti a apenas 3 filmes esse ano. "les chansons d'amour" e "dans paris" do cristophe honoré e "les voyages du ballon rouge" do Hou Hsiao-Hsien. Os 3 filmes se passam em paris. O filme de Hou Hsiao-Hsien é um filme delicado, desses cuja beleza não te arrebata na saída do cinema, mas nas pequenas lembranças ao longo do tempo. Já os filmes do Cristophe Honoré me arrebataram completamente. Saí do primeiro com uma sede por viver e do segundo não só com sede, mas com o peito fervilhando, um nó na garganta, que não é de choro, mas de certeza de que a vida é uma só e que vivê-la com cada fio de cabelo não deve ser uma fantasia apenas. talvez essa sensação de viver intensamente, apaixonadamente, que os filmes me deixaram, também tenha a ver com o fato de que o louis garrel atue neles! oh la la!
mas falando sério, esses filmes me lembraram desejos e possíveis caminhos que estavam adormecidos em mim. me lembrei, de que eu tinha me esquecido, da minha certeza na necessidade de vivenciar paris para a formação da individualidade em que quero me tornar. lembrei que eu ainda preciso ir pra paris nessa vida! ir de verdade. viver uma janela da minha realidade lá! lembrei que sou apaixonada por paris e como consequência tenho pesquisado os programas de mestrado nas écoles que já tinham me chamado a atenção há alguns anos atrás... e eles me parecem mais interessantes ainda. por enquanto, de concreto mesmo: correr atrás do passaporte e voltar a estudar francês. janela de tempo de 2 anos até qualquer saída pra valer do brasil, então o jeito é se preparar!

estou feliz de comprovar que os sentimentos da vida real podem nascer (ou nesse caso ser resgatados) fora dela.

viva as várias realidades possíveis! viva a sétima arte! (e todas as outras também! e viva paris!!!


(le voyage du ballon rouge - Hou Hsiao-Hsien)


(Dans Paris - Cristophe Honoré)


(Les chansons d'amour - Cristophe Honoré)

terça-feira, 30 de outubro de 2007

avant la haine



(cena de dans paris de cristophe honoré)
(música de Alex Beaupain)

Lui :
Sais-tu ma belle que les amours
Les plus brillantes ternissent
Le sale soleil du jour le jour
Les soumet au suplice
J'ai une idée inattaquable
Pour éviter l'insupportable

Avant la haine, avant les coups
De sifflet ou de fouet
Avant la peine et le dégout
Brisons-là s'il te plait

Elle :
Mais je t'embrasse et ça passe
Tu vois bien
On s'débarrasse pas de moi comme ça
Tu croyais pouvoir t'en sortir,
En me quittant sur l'air
Du grand amour qui doit mourir
Mais vois-tu je préfère
Les tempêtes de l'inéluctable
A ta petite idée minable
Avant la haine, avant les coups
De sifflet ou de fouet
Avant la peine et le dégout
Brisons-là dis-tu

Lui :
Mais tu m'embrasses et ça passe
Je vois bien
On s'débarrasse pas de toi comme ça

Lui :Je pourrais t'éviter le pire

Elle :Mais le meilleur est à venir

Ensemble :
Avant la haine, avant les coups
De sifflet ou de fouet
Avant la peine et le dégout

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

dancing in the moonlight!

Lé, essa é pra você!

sábado, 13 de outubro de 2007

duas exposições e duas baladas na mesma semana!

na quarta fui à abertura da exposição de arte contemporânea ctrl+c ctrl+v, na qual o laerte está expondo seu jambolhão. vale a pena ir. tem muitos trabalhos bonitos. o que eu mais gostei foi um tronco de folha de madeira, mas não vi de quem é (ops!). a balada do dia anterior foi uma festa incrível na casa da Nani, que estava recebendo a cantora caboverdeana Maira Andrade com direito a várias cantoras jovens reunidas cantando juntas. foi memorável. e a festa sem comentários de tão boa! com direito a jantar da chef morena leite e um monte de gente bonita! perfeita pra acabar com a quarta-feira no escritório...

depois na sexta me diverti horrores numa dobradinha teta/milo! e no sábado videobrasil. Lá, fui à India e a Rwanda no quinto andar. No quarto andar, fui transportada a uma realidade paralela, onde me senti uma criança descobrindo mil tesouros, como que num porão maluco. No terceiro andar, entrei no psicose original e no remake ao mesmo tempo!
Mas o que mais me impressionou foi a sala de orações em cabul, afeganistão. eu tenho lá minhas ressalvas com instalações e videoinstalações em geral, mas essa é uma obra-prima do gênero, na minha humilde opinião. é bonito mesmo! a obra chama-se Dervixxx e o autor: Arthur Omar.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

dirigindo um del rey

o del rey tem mil charmes. mas uma vantagem incrível é o fato de que os faróis de são paulo dão menos medo a bordo de um del rey!

3 acontecimentos recentes em cruzamentos paulistanos:

1. paro no farol com a janela escancarada, porque o del rey, óbvio, não tem ar-condicionado. tem um cara estranho vendendo flores que acompanha o carro com o canto do olho enquanto eu paro na primeira fila. eu penso: não vou fechar a janela nem ferrando. tá muito calooooor! ele, claro, se aproxima e diz: e aí, quer comprar uma bromélia? eu faço sinal de "jóia ao contrário" (minha marca registrada para ambulantes de farol em geral) querendo dizer que estou sem dinheiro para a bromélia. e ele responde: - é né, se vc tivesse dinheiro com esse calor de hoje, comprava um suco!

2. voltando pra casa do trabalho, um puta trânsito e eu parada no sinal, que já abriu e fechou mil vezes e eu no mesmo lugar. chega o bando que limpa (ou suja) para-brisa. eu com a janela semi-aberta penso: não vou fechar a janela, que eles vão ver que eu tô com medo. e fico lá, durona com a janela aberta o suficiente pra entrar mão e o que quer que ela esteja carregando. encosta a menina, bem doida e fala: - posso limpar seu vidro tia? e eu respondo com o costumeiro sinal de "jóia ao contrário - tô sem dinheiro". ela se vira com um olhar absolutamente crédulo, afinal de contas estou dirigindo um Del Rey!

3. Paro na esquina. se aproxima o vendedor de flores, que as oferece com um gesto e um olhar. eu respondo com o sinal costumeiro. então, ele dá a volta e pára ao lado da minha janela, pedindo para que eu a abrisse. eu, claro, abro a janela já dizendo: olha hoje não vai dar pra comprar as rosas, etc. ele se vira e diz: - não! eu não quero te vender não, vou é te dar uma. você é muito legal... toma! essa aqui é pra você dar pra tua santa! amei! foi a coisa mais genuína que alguém me fez nos últimos tempos! fiquei emocionada. de verdade.

adoro que dirigindo esse carro os moleques, vendedores, motoqueiros e pessoas nos faróis em geral se sentem muito mais próximas a mim. é como se o del rey me fizesse acessível. é como se eu entrasse pro time deles. e aí, tem todo um respeito. eu sei que nunca vou ser assaltada nesse carro e são paulo, mais uma vez, se torna uma cidade mais feliz. pelo menos pra mim! rá!

terça-feira, 9 de outubro de 2007

New York I love you but you bring me down

hoje eu tô me sentindo meio assim:
você acredita tanto, ama tanto, quer tanto
que fica triste.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007



"... olhava no espelho aquela que eles viam: não era eu; estava ausente, ausente de toda parte: onde me encontrar? Enlouquecia. 'Viver é mentir', pensava, sucumbida; em pricípio nada tinha contra a mentira, mas praticamente era esgotante fabricar incessantemente máscaras para mim."

Simone de Beauvoir



terça-feira, 2 de outubro de 2007

Se cada dia cai,
dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.

há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.

Pablo Neruda


(Van Gogh)

domingo, 30 de setembro de 2007

Gosto quando te calas porque estás como ausente
e me escutas de longe; minha voz não te toca.
É como se tivessem esses teus olhos voado,
como se houvesse um beijo lacrado a tua boca.

Como as coisas estão repletas de minha alma,
repleta de minha alma, das coisas te irradias.
Borboleta de sonho, és igual minha alma,
e te assemelhas à palavra melancolia.

Gosto quando te calas e estás como distante.
Como se te queixasses, borboleta em arrulho.
E me escutas de longe. Minha voz não te alcança.
Deixa-me que me cale com teu silêncio puro.

Deixa-me que te fale também com teu silêncio
claro qual uma lâmpada, simples como um anel.
Tu és igual à noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão remoto e singelo.

Gosto quando te calas porque está como ausente.
Distante e triste como se tivesse morrido.
Uma palavra então e um só sorriso bastam.
E estou alegre, alegre por não ter sido isso.
___________________________________________________

Sempre que te possuo - amor - entre os meus braços
não sei como é que chegas nem sei como te vais,
quando vou procurar-te, te encontro tão distante
que me parece que não voltarás mais.

Era inverno de angústia a derradeira vez. Vieste.
E rebrotou meu corpo de um pouco de alegria.
E quando eu já pensava que nem tudo era triste,
estremeci de novo com as minhas mãos vazias...

Pablo Neruda

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos seus amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio, e, em cada homem honesto, acumula-se um número bastante considerável de coisas no gênero. E acontece até o seguinte: quanto mais honesto é o homem, mais coisas assim ele possui (…)

Agora, quero justamente verificar: é possível ser absolutamente franco, pelo menos consigo mesmo, e não temer a verdade integral?
(p. 52)

Dostoievski - Memórias do sub-solo
I am an emotional rollercoaster
rollercoasters make me nautious

terça-feira, 25 de setembro de 2007



não consigo parar de ouvir essa música!

dica da carol!

aprendi a postar músicas no blog!

é só ir ao site: www.radioblogclub.com, escolher a música, clicar na flechinha azul e copiar o html!

iuhu! adorei essa dica!

a carol, é a amiga linda da minha irmã, inteligente como poucas que eu conheço. o blog dela é parada obrigatória: http://hoje-e-ontem.blogspot.com

Saarinen



segunda-feira, 24 de setembro de 2007

seguuura!

hoje a bruna escreveu um email falando que não vai poder ir ao tim festival (é isso que dá ter que comprar ingresso com dois meses de antecedência) porque vai pra palestina colher uvas para os donos de terras que têm parte de suas plantações em território israelense e portanto não podem atravessar o muro para colher suas próprias uvas! que tal?! adoro que esse é o nível da mulherada que me circunda. adoro minhas amigas, super hiper lindas mulheres interessantes! pronto, falei! mas e agora? hahaha! eu e a lelia temos os assentos 1 e 5! quem será que vai sentar com ou entre a gente?

domingo, 23 de setembro de 2007

"Não se nasce mulher: torna-se"

Simone De Beauvoir

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

honra!

A Lu Fecarotta - amiga queridíssima e blogueira de primeira - sim, porque o blog dela é muito lindo, interessante e ela consegue manter sempre muito atualizado! fora o tom cool, chic, feminino, inteligente que deixa claro que a menina é culta, mas não no sentido blasé, no sentido de quem tem referências mesmo e sabe desfrutar delas na vida. enfim, pago pau! - então. essa mesma pessoa me citou no blog dela! gente, tô me achando!

aí vai a dica, porque vale muito a pena ter esse blog nos favoritos:

http://lufec.blogspot.com/

iuhu!
ando me sentindo mais generosa. só falta dividir isso com as pessoas.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

fui para São Paulo!

No feriado do 7 de setembro, eu fui para São Paulo, digo fui e não fiquei porque o ir é se propor a desfrutar uma cidade, como turista mesmo e o ficar é ficar em casa, sair pra jantar e ir ao cinema no máximo, o que é muito diferente.

Pois bem,
no sábado do feriado fui com a Lélia passear na Avenida Paulista. Como moramos na vizinhança, o programa começa sempre na Fnac, nosso ponto de encontro! nos encontramos nas escadarias da Alameda Santos e entramos na livraria. Aí, olha-se umas revistas, escuta-se uns cds, fuça-se nuns eletrônicos...

(aliás, parêntese: por falar em eletrônicos: o que é a loja da apple em NY? até agora não consegui superar esse lugar... você pode mexer em tudo e as coisas são tão perfeitas, que você já desenvolve uma relação de posse: ai, esse MEU macbook! esse MEU iPod! é tão teu que vc tem que sair da loja com o TEU de fato! eu que sou um zero à esquerda com tecnologia fui absolutamente seduzida!, a apple é mesmo foda! mas isso é assunto para outro post, não?)

... saímos da Fnac pela porta da Paulista. esse é sempre o ritual de início dos nossos passeios pela nossa Avenida querida!

Por essa saída, a primeira coisa que se vê é o meu maior sonho de consumo: o Edifício Paulicéia. O nome já diz tudo e o prédio é lindo, a localização: perfeita e toda vez que eu me deparo com essa maravilha eu me aproximo do meu sonho! sim, meu sonho de viver a pé, de morar num lugar de fato urbano na cidade, num prédio de uma época em que se construiam coisas bonitas, e onde a cidade é a extensão da sua casa. Afinal, você põe o pé pra fora de casa e já está na Paulista [literalmente]. Aí, é cinema pra um lado, metrô pro outro, galerias mil a poucos passos, busão sem preguiça! gente, é muita felicidade para uma pessoa só!



Não há coisa que eu queira mais na vida atualmente do que um apê/estúdio no Edifício Paulicéia.

Enfim, seguimos a pé sentido Consolação e passamos pela Fiesp (outra paixão!) e em seguida sentamos para tomar um suco num boteco em frente ao Trianon e em diagonal ao MASP! delícia! com a vista dessa mesa, eu penso: São Paulo é linda!





entramos no MASP para ver a mostra da Bauhaus a agora! de arte contemporânea. e foram as duas horas mais gostosas que eu tive há tempos. saquei meu moleskine e anotei, desenhei, sentei para olhar, olhar, olhar as obras e olhando sair pensando na vida, voltar a olhar pela janela, olhar e admirar a obra que o MASP é em si! como é bom poder se dar tempo para essas coisas! (outro parêntese: a primeira palavra que eu falei na vida foi: - olha!)






saindo de lá, seguimos para a Cultura no Conjunto Nacional, onde me taquei num pufe e li um conto inteiro do Tchekhov. por uns 40 minutos a livraria foi a MINHA sala de estar!

Já recuperadas, seguimos a pé para jantar no La Tartine! depois de comer, voltamos para casa de metrô e fui dormir umas 10 da noite exausta e feliz.



acordei me sentindo turista, porque de fato, esse foi um programa turístico por São Paulo. Saímos saracoteando e fomos dormir cedo, exaustas de um dia inteiro de caminhada, cultura e comida!
E tem coisa melhor no mundo do que viajar e ser turista? essa sensação de ir criando intimidade com um lugar que vamos passar alguns dias, talvez semanas das nossas vidas e depois voltamos pra casa querendo mais intimidade com aquele lugar, o que vira essa saudade boa que viagem dá...
a
Então... só conheço uma: Fazer essas coisas e criar essa intimidade com a nossa própria cidade, uma intimidade que só teremos com ela. porque ela vai estar sempre aqui, porque a gente conhece seus cantos de cor e salteado e aí, podemos chamar aquele pufe de nosso, aquele restaurante de nosso, até o museu de nosso! é intimidade pura e deliciosa, que nem casal que tem a sua música!
a
Pena que a malha urbana de São Paulo não seja contínua e não tenha a articulação que há na minha querida Avenida Paulista! se fosse, seria perfeita e ninguém teria coragem de degradar essa cidade porque entenderia que ela é nossa. nossa sim senhor!
para não falar que só há a Paulista... tem o centro, mas isso é assunto pra outro post e outro passeio! ;-)

quarta-feira, 12 de setembro de 2007





TWO GETTING ALONG
- Are you meaning company

(companhia japonesa fundada em 1999)

Esse é um trabalho que faz parte da exposição de arte contemporânea que está no MASP agora. São várias plantas de um apartamento em tokyo pintadas com cores diferentes e para cada uma delas, tem uma historinha de duas pessoas (two getting along).

abaixo, os que eu não pude deixar de anotar:

2ga 037 -

he likes fish
she likes a song about fish
his hobby is wind surfing

2ga 005 -

recently, her feature is getting more mature
he seems a student forever

2ga 011 -

they are good friends to each other
they are also good lovers

2ga 014 -

they don't know very much about each other
however, they have been friends for a long time.

2ga 015 -

they go shopping together sometimes
they also talk a lot

2ga 006 -

she says she doesn't need a boyfriend
he would do anything for her

2ga 023 -

he has a lot of love for people
she has a nice smile
they became lovers in their dreams

2ga 029 -

she chooses his clothes
that's why he looks fresh and smart all the time

2ga 047 -

he is the elite
she always does what she wants to do

2ga 040 -

they have the same dream
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti,
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa[e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa[tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.


Fernando Pessoa - trecho de Tabacaria
"O que você está vendo é o que você está vendo"
Frank Stella
a
a
a
a
Josef Albers

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

segunda-feira

segunda-feira, saí do escritório mais cedo e me dirigi ao curso de estruturas que eu ensaio fazer há uns dois anos. cheguei lá e toquei a campainha. ninguém vem abrir. toco de novo, dessa vez uma tocada boa, comprida, e nada, ninguém vem abrir a porta. aí, toquei várias vezes de uma vez só, tipo tô irritadíssima e nada, ninguém vem abrir a porta. daí eu resolvi ligar pra lélia para pedir o telefone da escola e ligar dando uma bronca:

- Lé, vê pra mim o telefone da escola na internet, por favor? tô aqui há 10 minutos e ninguém vem abrir a porta!

- peraí, vou olhar...

- brigada!

- então cam, o telefone é tal, mas o curso só começa segunda que vem!

hahahahahah! de tão ansiosa pra começar o curso, fui uma semana antes, pode?!

voltei pra casa rindo de doer a barriga!


na mesma segunda-feira mais cedo fui almoçar na casa de uma super amiga, que também é cliente no momento. gente, comi o almoço mais gostoso do mundo na casa dela. juro. a Cássia (que cozinha pra ela) arrasa! arroz 7 grãos com feijão preto. alho poró no azeite com muito alho (irresistível) e carne moída com ervilhas! mas o tempero da Cássia não tem como descrever aqui! ai juro, passei mal de tanto comer!

segundas-feiras podem ser felizes! rá!
Deixei atrás os erros do que fui,
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exato e feliz.

Tudo isso como o lixo da viagem
Deixei nas circunstâncias do caminho,
No episódio que fui e na paragem,
No desvio que foi cada vizinho.
Deixei tudo isso, como quem se tapa
Por viajar com uma capa sua,
E a certa altura se desfaz da capa
E atira com a capa para a rua.

Fernando Pessoa
"A boa educação não está tanto em não derramar o molho sobre a mesa, mas em não perceber se outra pessoa o faz"

Anton Tchekhov

terça-feira, 4 de setembro de 2007

gatinha nova!



essa é a fofa da fefê!
ai. me irritou um pouco esse frenesi de compras de ingressos pro tim festival. um monte de show esgotado no primeiro dia, o auditório pequeno pra tanta gente querendo ir nos shows, etc. daí, fui hoje de manhã pra comprar o que sobrou. nada mal ir ver euro jazz no auditório ibirapuera. resolvi comprar no auditório mesmo, na hora que abre 9 da manhã, pra não chegar tão atrasada no escritório. daí, primeiro que é impossível estacionar no ibirapuera, segundo que o CET fica lá com cara de mau, fazendo pressão pra você não se arriscar a parar numa das 15 vagas de deficientes vazias e o pior, o cara veio falar que eu não podia ficar com o carro parado esperando liberar uma vaga. mau humor total. daí, encosto o carro e chamo o guardinha que não é CET e o cara fala: deixa o carro aí (na entrada da marquise! rá!) que eu olho. mas leva tudo que é de valor e deixa a janela aberta! hahahaha! falou, então! fiquei lá parada à revelia do senhor CET e finalmente consegui uma vaga. segunda bateria de confusões. Eu fui no auditório ibirapuera comprar pra mim e pra lélia. A Bruna foi na Fnac comprar só pra ela e queríamos sentar juntas! hahahaha! no final comprei o assento 1 e o 5, com a certeza de que ninguém ia querer comprar o 3 entre nós. e ufa! deu certo. 15 minutos depois a bru comprou o assento número 3 e daqui a 2 meses, sim, uns 60 dias, vamos as 3 sentar juntas no show de euro jazz do tim festival!

sábado, 1 de setembro de 2007

Outra vez ouço o trem
ao me aproximar de Carpina.
Vai passar na cidade,
vai pela chã, lá por cima.
Detém-se raramente,
pois que sempre está fugindo,
esquivando apressado
as coisas de seu caminho.
Diversa da dos trens
é a viagem que fazem os rios:
convivem com as coisas
entre as quais vão fluindo;
demoram nos remansos
para descansar e dormir;
convivem com a gente
sem se apressar em fugir.

João Cabral de Melo Neto - Morte e vida severina

Argan + Pollock

Se por hipótese absurda, pudéssemos levantar e traduzir graficamente o sentido da cidade resultante da experiência inconsciente de cada habitante e depois sobrepuséssemos por transparência todos esses gráficos, obteríamos uma imagem muito semelhante à de uma pintura de Jackson Pollock, por volta de 1950: uma espécie de mapa imenso, formado de linhas e pontos coloridos, um emaranhado inextricável de sinais, de traçados aparentemente arbitrários, interrompem, recomeçam e, depois de estranhas voltas, retornam ao ponto de onde partiram.
(Argan - História da Arte como História da Cidade)


(Pollock)

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

vontade de ir embora...

"Alguém já disse que (São Paulo) é como se Los Angeles vomitasse em Nova York"

Anthony Bourdain (matéria sobre a visita dele)

triste mas muito verdade.

breuer



almocinho bom!

o papo foi ótimo. fiquei orgulhosa com as novidades de uma, os planos das outras e feliz de contar as minhas novidades e perceber que a maré já está virando!
comi uma espetada do mar com legumes no vapor, muito bem temperados com um fio de azeite e alho. a espetada estava divina e não podiam faltar duas cervejinhas para acompanhar. o espresso estava bem gostoso. eu sempre peço espresso com espuma. e o engraçado é que agora eu sempre faço o teste da colher com a espuma, que nem a Lu ensinou em NY, mas eu não sei ver se está na consistência certa ou não. faço o teste só pra trazer o sorriso no rosto de lembrar desse dia! pega a espuma com a colherinha e vira de ponta cabeça pra ver se cai! se cair tá ruim, se ficar: parfait! depois bebe o café por entre a espuma e voilá! experiência completa! hahaha!
o tal almoço foi no adega santiago, que ocupa o lugar onde já foi o farmácia (não sei se era com "ph", mas se era, era cafona anyway...) e a única ressalva é a decoração cenário de fazenda. não dá pra se sentir numa fazenda a um quarteirão da faria lima e da rebouças. preferia o lugar antes da reforma!

delícia de almoço. o duro é voltar pro escritório depois!
"I wonder if it's possible to have a love affair that lasts forever..."

Andy Warhol

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Richard Serra



"It’s a landmark, by a titan of sculpture, one of the last great modernists in an age of minor talents, mad money and so much meaningless art."

ainda sem palavras para descrever o que é a experiência de um Richard Serra.

vale a pena ler a reportagem pra começar a tentar entender...






terça-feira, 28 de agosto de 2007

amigo também serve pra falar aquelas verdades que a gente precisa, mas não quer ou não pode, ouvir. Mas essa história de que a verdade dói é mentira. A verdade liberta, alivia. você se depara com "las mierdas" e tem a chance de poder consertá-las ou se consertar... agora, o que dói mesmo é maldade. É o prazer de pôr alguém pra baixo com certas verdades, que se usadas como cartas na manga, aí sim fazem estrago... enfim verdade seja dita: muito bom ter amigo que fala verdades pra gente!

domingo, 26 de agosto de 2007

"(...) O empobrecimento dos setores médios vem dos baixos salários e desemprego. Faltam crescimento econômico e políticas de emprego."

Sônia Drabe em entrevista ao Estado de São Paulo
"Quem ignora o passado está condenado a repetí-lo"

George Santayana
"chegou ao limite da própria ignorância e, não obstante, prosseguiu"

Millôr

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Paulo Mendes da Rocha à Folha de São Paulo

"Se você não é solidário ao projeto, não pode fazê-lo. Arquitetura não pode ser vista como uma coisa que você encomenda, e você se vira para fazer de qualquer maneira. O primeiro ímpeto de fazer surgir algo, que é o que o arquiteto faz, é uma convocação emotiva."

"Essa sociedade amarga abandonou o centro da cidade e se enfiou no mato. As empresas se mudaram lá para baixo [em direção à zona sul], mesmo avenidas novas são extremamente caipiras, elas têm um ar de subúrbio rico e abandonaram o centro da cidade. Se você deixar degenerar, você reduz o valor imobiliário, compra tudo de novo, reconstrói a cidade... Há quem viva só disso."

"Você tem razão, porque esses edifícios isolados, num "pseudoparaíso", destroem a essência da questão da educação, que é o caminho da escola, com bares e uma infinidade de outras coisas. A universidade apartada assim tira os jovens desse âmbito, da cidade, que é um fator de educação fundamental. É lastimável você fundar e comprar um grande arrabalde e chamar de cidade universitária. Como foi feita, nunca se pensou no transporte público. Todo estudante tem um carro. A escola é pública, mas só dá milionário ali. Não fica bem."

"Você pode perceber como sofre um arquiteto, quão longe dos nossos horizontes está a cidade atual. Isso amargura a nossa existência e faz ver que o fator essencial e objetivo da questão da arquitetura e do urbanismo é político. É uma questão de vontade. O arquiteto, em essência, é um contrariado."

entrevista completa

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

"Os artistas preferiram continuar intelectuais de oposição, a única oposição, aliás, autorizada e encorajada pelo capitalismo burguês. Rejeitaram a idéia de reforma para bancar os profetas ou os arautos da revolução."

Argan - História da Arte como História da Cidade

contraste?

habitação pública na holanda:

habitação popular no chile:


conjunto habitacional no brasil:


público = popular?

conversas com bru

texto que recebi em email da bru, em resposta à uma conversa sobre como estamos estressadas ultimamente. na mesma conversa estávamos falando sobre como precisamos tirar férias perto da natureza, pra ver se desembaraçam-se esses nós nas costas que o trânsito, os prazos insanos do trabalho causam... o engraçado foi que eu quando pensei natureza, desta vez pensei em ir para a chapada ou para a serra do matutu e fazer trilhas e entrar em cachoeiras tão geladas, que não houvesse a chance de não sair com o espírito lavado e renovado... já a bru, óbvio, pensou em ir pra boipeba se largar na areia e não ter nem que conversar com ninguém! chegamos à conclusão que então não poderíamos planejar essa fuga da cidade juntas já que as idéias de natureza, desta vez estavam tão distantes.... e rá! olha o texto em resposta a essa conversa que eu recebo! a cara dela!

eis o texto:

Aí pelas Três da Tarde
Raduan Nassar(para José Carlos Abbate)

Nesta sala atulhada de mesas, máquinas e papéis, onde invejáveis escreventes dividiram entre si o bom senso do mundo, aplicando-se em idéias claras apesar do ruído e do mormaço, seguros ao se pronunciarem sobre problemas que afligem o homem moderno (espécie da qual você, milenarmente cansado, talvez se sinta um tanto excluído), largue tudo de repente sob os olhares a sua volta, componha uma cara de louco quieto e perigoso, faça os gestos mais calmos quanto os tais escribas mais severos, dê um largo "ciao" ao trabalho do dia, assim como quem se despede da vida, e surpreenda pouco mais tarde, com sua presença em hora tão insólita, os que estiveram em casa ocupados na limpeza dos armários, que você não sabia antes como era conduzida. Convém não responder aos olhares interrogativos, deixando crescer, por instantes, a intensa expectativa que se instala. Mas não exagere na medida e suba sem demora ao quarto, libertando aí os pés das meias e dos sapatos, tirando a roupa do corpo como se retirasse a importância das coisas, pondo-se enfim em vestes mínimas, quem sabe até em pêlo, mas sem ferir o decoro (o seu decoro, está claro), e aceitando ao mesmo tempo, como boa verdade provisória, toda mudança de comportamento. Feito um banhista incerto, assome em seguida no trampolim do patamar e avance dois passos como se fosse beirar um salto, silenciando de vez, embaixo, o surto abafado dos comentários. Nada de grandes lances. Desça, sem pressa, degrau por degrau, sendo tolerante com o espanto (coitados!) dos pobres familiares, que cobrem a boca com a mão enquanto se comprimem ao pé da escada. Passe por eles calado, circule pela casa toda como se andasse numa praia deserta (mas sempre com a mesma cara de louco ainda não precipitado) e se achegue depois, com cuidado e ternura, junto à rede languidamente envergada entre plantas lá no terraço. Largue-se nela como quem se larga na vida, e vá ao fundo nesse mergulho: cerre as abas da rede sobre os olhos e, com um impulso do pé (já não importa em que apoio), goze a fantasia de se sentir embalado pelo mundo.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

ai...

e então finalmente ao acordar, percebeu que estava com choro engasgado, assim ao acordar, sem pensar, acordou com vontade de chorar e chorou.
depois chegou, tomou um café e conversou com a amiga chorando.

aí, parece que só porque começou a deixar esse choro sair dela, um espacinho se abriu no seu coração. ufa!

segunda-feira, 6 de agosto de 2007


Antonin Kratochvil/VII, for The New York Times
Now, scientists believe that social networks not only can spread diseases, like the common cold, but also may influence many types of behavior — negative and positive — which then affect an individual’s health, as well as a community’s.

copo de papel com nariz!


sexta-feira, 3 de agosto de 2007

"o que importa não é a glória, não é o esplendor, não é aquilo com que eu tanto sonhava, mas sim a capacidade de suportar. Aprenda a carregar a sua cruz e acredite. Eu acredito e, assim, nem sofro tanto e, quando penso na minha vocação, não sinto medo da vida."

Anton Tchekhov - A gaivota

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

When we are under stress we are the most true to our nature, for we have no energy to keep up any pretenses. Hence, we learn about ourselves as we go through the experience.

susan miller - astrologyzone

terça-feira, 31 de julho de 2007

"Então para que te entregaste ao vício e foste buscar o amor num abismo de crime?"

Shakespeare - Hamlet

segunda-feira, 30 de julho de 2007

saudades desse dia!


DSCN1084
Originally uploaded by cami obniski

sábado, 28 de julho de 2007

eu preciso saber que eu consigo ficar no meu eixo mesmo na euforia e no deslumbre...

quinta-feira, 26 de julho de 2007

"Que sucesso? Eu nunca agradei a mim mesmo. Não gosto de mim como escritor. O pior de tudo é que me sinto numa espécie de embriaguez e muitas vezes nem entendo o que escrevo... Veja, eu adoro essa água, essas árvores, esse céu, sinto a natureza, ela desperta em mim um entusiasmo, um desejo irresistível de escrever. Mas não sou apenas um paisagista, sou também um cidadão, amo o país, o povo, sinto que, se sou um escritor, estou obrigado a falar do povo, dos seus sofrimentos, do seu futuro, a falar da ciência, dos direitos do homem etc etc, e então falo sobre tudo, me afobo, me pressionam de todos os lados, se irritam comigo, eu corro de um lado para o outro, como uma raposa acossada por cães de caça, vejo que a vida e a ciência avançam cada vez mais, enquanto eu vou ficando sempre para trás, como um mujique que chegou atrasado para pegar o trem, e no fim tenho a sensação de que só sei mesmo descrever paisagens e em tudo o mais sou falso, sou falso até a medula dos ossos."

Anton Tchekhov - A Gaivota

segunda-feira, 23 de julho de 2007

"It used to be architects would be so grateful that there was someone interested in dedicating space to their work, and they would donate it. Now architects view their designs as a kind of profit center. Architects are getting valuations of them as though they were selling the studio of Picasso."

BARRY BERGDOLL, the chief curator of architecture and design at the Museum of Modern Art. (MoMA - NY)

domingo, 22 de julho de 2007

Quando procuramos a liberdade sem propensão ao egoísmo,
quando, para nós, liberdade se torna puro amor
pela atividade a realizar,
temos a possibilidade de aproximar-nos da verdade.
Quando queremos agir em liberdade por egoísmo,
quando, para nós, liberdade se torna o sentimento orgulhoso
de revelar a si próprio através da ação,
aí nos defrontamos com a possibilidade de viver mentiras.

(baseado em texto de Rudolf Steiner)
Destroy your ego.
Stop reacting.
Start proacting.
Change the way you talk.
Change the way you act.
Change the way you think.
Share.
Share again.
You're still not sharing enough.

What do you want from me?!

"Only man is placed between perfection and deficiency, with the power to earn perfection.... According to the sages, as long as we live, we have the potential to fall."

Rav Moshe Chaim Luzzatto

terça-feira, 17 de julho de 2007

ando pensando...


(Frank Stella)

segunda-feira, 16 de julho de 2007

long distance

minha insegurança é uma ansiedade pela confirmação de um valor, que espero receber de alguém que não eu mesma. Mas a cada dia, percebo que serena, a vida acontece sem essa espera e simplesmente divido o que sou, o que as vezes não me agrada e avalio quem estou. Divido o meu melhor e tenho consciência de que as vezes o melhor não é perfeito. Para isso não há distância, só a distância entre o que sou e o que poderia vir a ser. Não sei ao certo tudo o que isso pode ser, só sei que hoje tenho vontade de dividí-lo com ele.

sábado, 14 de julho de 2007

Renzo Piano



Zentrum Paul Klee

Master Mies





Faculdade de Arquitetura
do IIT (Illinois Institute of Technology)

quinta-feira, 12 de julho de 2007

o engraçado é que ultimamente tenho tido
saudades das coisas que ainda não vivi.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Tartine

O bistro na west village do post abaixo é o tartine.
Eu não sei se me apaixonei por esse lugar por causa de todo o contexto ou porque fui jantar lá com a Hadley, amiga fofa da minha irmã.
Só sei que a noite foi agradabilíssima e que eu adorei a comida. Pra completar, o lugar é do tipo "bring your own wine" o que faz o jantar ficar mais barato ou seja, incrível!
vontade de ir lá de novo!











domingo, 8 de julho de 2007

O que NY fez comigo

Eu não falo de NY com a propriedade de quem vai sempre pra lá, não conheço tudo e não fiz o circuito do que há de mais moderno e bacana para se fazer na grande maçã. Mas nesses 10 dias em que estive lá, alimentei essa sensação de que ela me pertence e de que eu pertenço a ela. Com a idade me reconheço um ser cada vez mais urbano e é na cidade onde eu me acho mesmo. Em questão de alguns dias, já estava absolutamente inteirada com qual bairro é onde e com qual linha de metrô ou de ônibus chegaria ao tal lugar. Não sem um mapa, óbvio, mas o simples fato de uma cidade ter um mapa com uma teia complexa de tranporte público, já me é absolutamente sedutor. Eu pegava todos os mapas de transporte que eu via pela frente e ficava estudando, me locupletando com os vários possíveis caminhos para cada lugar. Depois, andava em direção às estações como se eu soubesse exatamente para onde estava indo, e sabia mesmo, já tinha decorado tudo e me sentia parte daqueles percursos, os adorava como se fossem meus. A sensação de que posso estar em qualquer canto de uma cidade, basta olhar no mapa o percurso e voilá, em no máximo 40 minutos estou aonde quiser, é demais pra mim. É muita felicidade!

Nos primeiros dias, descia do metrô em downtown e ia subindo a pé pelo east, depois pelo west. Para ver a cidade, entender como um bairro vira o outro e como a identidade de cada um fazia o nome da área mudar, já que a malha urbana de NY é absolutamente contínua e não é pela forma que os bairros se diferenciam. Depois, quando eu ia encontrar amigos ou ia a algum lugar, reconhecia os bairros e ficava feliz!

Da cidade em si, eu falo mais depois.

Agora, eu adorei o jeito que as pessoas vivem, do modo de vida Novaiorquino. Claro que eu não passava de uma turista com o dia inteiro para saracotear, e tenho noção que o olhar do turista é muito distante da vida real das pessoas que moram lá. Mas eu fiquei na casa de amigos que moram lá, e vivi um pouco da rotina deles, vi o que eles fazem quando não estão trabalhando, porque é fato que em NY as pessoas vivem pra trabalhar, mas quando não estão trabalhando têm essa cidade magnífica para desfrutar. Sair do trabalho e ir a um show de música indiana no Rubin Museum numa terça-feira, ir a uma festa no Harlem numa quinta, ir a um pocket show de monstos do jazz no St. Nick's, way up into Harlem, ir a um evento num prédio no west village numa sexta e de lá ver a cidade inteira de um lado e New Jersey ao fundo do Hudson River com a West Highway logo ali na frente, sair de lá a pé à uma da manhã e atravessa o village, sentar para um derradeiro drink no soho antes de chegar em casa e ir dormir feliz! E o melhor, combinar de se encontrar na estação de Astor Place, para de lá ir jantar num bistrozinho charmosíssimo da west village. Isso foi o que me ganhou. Foi o que me fez suspirar e pensar: é essa a vida que eu quero pra mim!

As pessoas andam a pé, combinam de se encontrar na estação do metrô, para de lá chegarem juntas ao programa combinado, vão correr no parque, comem hot-dog na rua, saem à noite de metrô, a pé, vão em bistrôs charmosíssimos, onde se come por muito menos do que os similares paulistanos! Jovens adultos perto dos 30 têm emprego e dinheiro para pagar o aluguel, guardar um pouquinho, fazer umas comprinhas, sair de vez em quando, fazer planos. Sim, planos! Lá os jovens adultos podem sonhar. Pensam em comprar casa, ter filhos, viajar o mundo. Isso não é luxo de quem sonha às custas do dinheiro dos pais, ou de vender a alma às grande corporações, ou à estabilidade de um emprego público medíocre. Lá, emprego com salário justo é direito do cidadão, do intelectual, do boêmio, do perdido, do trabalhador e do esforçado, e não privilégio para poucos!

E é tão gostoso! Aproveitar a vida numa cidade grande, cosmopolita.

Se a gente não aproveita o que de bom a cidade tem pra oferecer, ela de fato nos sufoca. Viramos reféns do trânsito, do barulho, da loucura de uma cidade grande. Mas, quando ela nos pertence e nós pertencemos a ela, numa caminhada só, mas nunca solitária, onde as calçadas, praças, estações de metrô e outros milhões de pessoas nos acolhem com seus sonhos e planos, guardados em seus olhares, então, aí então, somos homens da cidade. cidadãos. Não queremos mais o carro do ano ou a bolsa da moda ou o jantar no restaurante x. queremos um carro, sim, precisamos de uma bolsa e vamos sair pra jantar com nossos amigos. Mas qualquer uma que for vale, porque a cidade é para todos e em todo canto tem um restaurante bacana, acessível, até onde você chega a pé, acompanhado do teu amigo que te encontrou na estação de metrô, vindo de um canto oposto ao de onde você veio na cidade. E todos vão pra casa felizes, com seus sonhos e planos intactos!

Voltei com aquela velha idéia de quem acabou de chegar de viagem:

- Ah, mas é sempre aquela história. A gente anda de metrô em NY e chega em SP e acha ruim pegar busão.

Parei pra pensar nisso e vi que não. Eu ando de busão aqui, sim senhor. Eu ando a pé e tento levar essa vida de gente urbana. Eu gosto da cidade, me sinto acolhida por ela. Mas aqui, isso é um evento solitário, uma atitude extra-terrestre, e nem vou começar a falar do estado das calçadas, da condição do pedestre. Mas aqui, todo mundo anda de carro, sai à noite de carro que ganhou do pai, depois enche a cara e volta dirigindo embreagado ou alienado pela própria balada ou reclamando da vida dura que esse país impõe aos jovens adultos sonhadores. Aqui, você precisa ser muito rico pra bancar uma vida classe média! E a classe média só pensa em ser elite! Bacana é ser exclusivo, é se considerar diferenciado, é ter o que os outros não podem ter.

Pra ser ter estilo, gasta-se os tubos, sair pra jantar num lugar bacana é um assalto, e a verdade é que ou você é da classe que pode, que ganha carro, casa, mesada pra ser mais clara, ou você é da classe que anda de busão... ou você é bem educado e gosta de arte ou você é ralé e escuta música que toca no rádio. Ou você tem grana pra comprar roupa em loja exclusiva ou, como diz uma amiga, fica com cara de pobre usando roupa CeA.

A cidade não é para todos, a vida aqui não é para todos e nem tem a pretensão de ser. O ponto de ônibus é para empregada ir pra casa depois de lavar a louça que você não se digna a lavar, escola pública é para o filho do porteiro e praça é dormitório de vagabundo. Enquanto isso, a rica classe média vai se afastando da cidade, reclamando da cidade, se trancafiando em pequenas cidades e panelas, formando pequenos guetos bem guardados, dentro da maior cidade do país, que no fim das contas, não passa de uma grande cidade pequena, provinciana e chata, sim, chata para quem, de fato, quer compor uma classe intermediária, honesta e viver uma vida urbana, digna de uma grande cidade, digna de sonhos compartilhados.

NY fez isso comigo.

Me deixou extremamente saudosa de uma vida urbana, leve, acessível, despretensiosa, civilizada e feliz!

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Feliz


Presente da Luiza Linda Fecarotta!