terça-feira, 28 de dezembro de 2010

aprendendo

Para celebrar a volta do blog, aí vai uma foto em que estou esquiando.

Joca e eu passamos o natal numa estação de esqui: Schweitzer, em Idaho. Resolvemos que não iríamos para o Brasil no winter break porque lá faríamos coisas, e iríamos a lugares, que já conhecíamos. Resolvemos que queríamos aproveitar os poucos dias que tínhamos de folga (no total duas semanas, porém não corridas) para conhecermos coisas por aqui. A princípio, idéias de viajarmos de carro pelo sul da California, ou pelo Arizona, com direito a caminhadas pelos Canyons e visitas às ruinas das antigas civilizações indíginas, como Mesa Verde, foram cogitadas. Depois, percebemos que o Joca teria que tirar dias de folga do trabalho para podermos fazer isso, o tempo seria curto mesmo assim, a viagem corrida, e em Março os pais dele vêm pra cá, ele terá que tirar folga de novo, e concluimos que o melhor era passarmos um fim de ano mais tranquilo, usando só os dias que são feriados oficiais: 23 - 26 de dezembro e 30 de dezembro a 2 de janeiro.

O que fazer em duas folgas curtas no meio do inverno???
ESQUIAR, é claro!

Ano passado, já havíamos andando de snowboard. O Joca por já surfar estava bem mais avançado que eu e doido para continuar se aperfeçoando nesse inverno. Eu, não tinha me divertido tanto com o snowboard e no final do inverno passado já tinha decidido que esse ano iria aprender a esquiar. Epronto! resolvemos ir esquiar nos dois feriados.

Há dois dias voltamos de Schweitzer, em Idaho, onde passamos o primeiro feriado, o Natal. Saímos daqui no dia 23 às 6:30 da manhã e chegamos lá no fim da manhã. À 1:00 da tarde já estávamos na estação e o Joca subiu para as montanhas altas (nível médio a avançado). Eu comprei um pacote de 3 aulas (uma por dia) com o passe para as montanhas baixas, para crianças e iniciantes, conhecidas como bunny hills. Comecei com muito medo. O esqui vai rápido e o medo de cair ou sair deslizando sem nunca mais parar toma conta. Porém, ao final de cada aula, me sentia mais em controle dos esquis, do medo e da descida da montanha abaixo. Ao final da terceira aula, já consegui descer a montanha num movimento de zigue-zague contínuo, e os instrutores me avisaram: você já pode subir para as montanhas de adulto!

Não há como descrever a felicidade que senti ao descer a montanha esquiando. Me sentir em controle dos esquis, da velocidade, do medo... Esquiar me salvou. Era o que faltava para eu sair do meu buraco pessoal, de uma vez por todas. As batalhas do mestrado, os novos ares, o amor e generosidade do meu Joquinha e aprender algo tão incrível como esquiar me trouxeram até aqui: Estou feliz e quis voltar a escrever nesse blog. Sinto que essa felicidade é equivalente ao meu nível de esquiadora. Preciso praticar, continuar indo à montanha, com coragem para descer e superar o medo e as limitações técnicas, que só podem evoluir com a prática de cada descida. Quem sabe até o fim da temporada eu não consigo descer alguma trilha intermediária? Por enquando ainda me divirto nas trilhas fáceis, e vou me aperfeiçoando. Não quero me traumatizar descendo alguma trilha que não tenha capacidade de controlar e assim me desanime. Vou praticando, praticando, fortalecendo minha vontade e a coragem de enfrentar o novo, o desconhecido, algo que talvez não possa controlar 100%, porém com confiança no que já aprendi e com coragem, possa descer! E no fim, uma vez no topo, esquis nos pés e montanha abaixo, só há uma opção, descer sem olhar para trás! se for em esquis, a descida fica mais doce e divertida!

Declaração no. 1: I ♥ ski

Obrigada Joquinha querido, por me trazer até aqui e me apoiar e incentivar em cada queda, em cada ataque de medo! Se não fosse por você, eu não estaria aqui, nem esquiando! Te amo, tá!?
Declaração no. 2: I ♥ Joca

a volta

Assim escrito e depois do ocorrido parece óbvio. Não sou a primeira a pensá-lo, nem serei a última, mas é fato que o tempo (ou um tempo) é imprescindível para nos reconectarmos a pedaços de nós mesmos dos quais nos desconectamos, quando isso acontece. E acontece sempre... quando passamos a viver no automático e não prestamos atenção em quem somos e no que realmente faz sentido para nós: pronto! vamos nos desconectando, desconectando, até que chega um ponto em que parece não sabermos mais o que impulsiona nossas vontades, atitudes, vidas... Às vezes, as angústias, erros, traições são tudo o que sobra e nos prendemos a essas coisas por medo de nos jogarmos em direção ao desconhecido, ao que está por vir. Porém, se agarrar nos aspectos negativos do passado, só para ter no que se agarrar é quase pior que o próprio ocorrido, e assim, um tempo é mais que bem-vindo: um piques - zona neutra - para reorganizar idéias, vontades, mas mais que tudo, sentimentos.

Não há nada melhor e na verdade, um tempo assim - de tudo, de todos, da própria vida antiga - é, no fundo, um luxo, um presente que a Vida, as vezes, nos dá. A beleza é poder continuar vivendo num novo contexto, se redescobrindo, sem as pressões do que foi deixado para trás. Aos poucos, uma vontade de fazer e acontecer vai ressurgindo e, com ela, a vontade de compartilhar.

Esse blog foi criado em meio a uma tempestade interior. Ele representava as coisas sobre as quais eu queria pensar, escrever. As coisas que eu queria viver, e vivia, mas não inteira. É como se eu olhasse para mim de fora para dentro. Naturalmente, ele foi abandonado (por mais ou menos um ano) e agora, novamente senti vontade de escrever, compartilhar. Pensei em começar um novo blog: Novo título, novas estórias... Afinal, me sinto renovada. Tenho a impressão de começar a olhar para mim de dentro para fora. Porém, também reconheço, que mesmo me sentindo renovada, ainda sou a mesma: A vida, enquanto jornada, é a mesma - o mesmo fio condutor. Portanto, nada mais natural do que mudarem as estórias, o tom, o próprio autor, mas não a vida. Assim, fazendo justiça a esse fato, resolvi que o blog será o mesmo, porém novo, diferente: Como eu!