Gosto quando te calas porque estás como ausente
e me escutas de longe; minha voz não te toca.
É como se tivessem esses teus olhos voado,
como se houvesse um beijo lacrado a tua boca.
Como as coisas estão repletas de minha alma,
repleta de minha alma, das coisas te irradias.
Borboleta de sonho, és igual minha alma,
e te assemelhas à palavra melancolia.
Gosto quando te calas e estás como distante.
Como se te queixasses, borboleta em arrulho.
E me escutas de longe. Minha voz não te alcança.
Deixa-me que me cale com teu silêncio puro.
Deixa-me que te fale também com teu silêncio
claro qual uma lâmpada, simples como um anel.
Tu és igual à noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão remoto e singelo.
Gosto quando te calas porque está como ausente.
Distante e triste como se tivesse morrido.
Uma palavra então e um só sorriso bastam.
E estou alegre, alegre por não ter sido isso.
___________________________________________________
Sempre que te possuo - amor - entre os meus braços
não sei como é que chegas nem sei como te vais,
quando vou procurar-te, te encontro tão distante
que me parece que não voltarás mais.
Era inverno de angústia a derradeira vez. Vieste.
E rebrotou meu corpo de um pouco de alegria.
E quando eu já pensava que nem tudo era triste,
estremeci de novo com as minhas mãos vazias...
Pablo Neruda
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos seus amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio, e, em cada homem honesto, acumula-se um número bastante considerável de coisas no gênero. E acontece até o seguinte: quanto mais honesto é o homem, mais coisas assim ele possui (…)
Agora, quero justamente verificar: é possível ser absolutamente franco, pelo menos consigo mesmo, e não temer a verdade integral?
(p. 52)
Dostoievski - Memórias do sub-solo
Agora, quero justamente verificar: é possível ser absolutamente franco, pelo menos consigo mesmo, e não temer a verdade integral?
(p. 52)
Dostoievski - Memórias do sub-solo
terça-feira, 25 de setembro de 2007
dica da carol!
aprendi a postar músicas no blog!
é só ir ao site: www.radioblogclub.com, escolher a música, clicar na flechinha azul e copiar o html!
iuhu! adorei essa dica!
a carol, é a amiga linda da minha irmã, inteligente como poucas que eu conheço. o blog dela é parada obrigatória: http://hoje-e-ontem.blogspot.com
é só ir ao site: www.radioblogclub.com, escolher a música, clicar na flechinha azul e copiar o html!
iuhu! adorei essa dica!
a carol, é a amiga linda da minha irmã, inteligente como poucas que eu conheço. o blog dela é parada obrigatória: http://hoje-e-ontem.blogspot.com
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
seguuura!
hoje a bruna escreveu um email falando que não vai poder ir ao tim festival (é isso que dá ter que comprar ingresso com dois meses de antecedência) porque vai pra palestina colher uvas para os donos de terras que têm parte de suas plantações em território israelense e portanto não podem atravessar o muro para colher suas próprias uvas! que tal?! adoro que esse é o nível da mulherada que me circunda. adoro minhas amigas, super hiper lindas mulheres interessantes! pronto, falei! mas e agora? hahaha! eu e a lelia temos os assentos 1 e 5! quem será que vai sentar com ou entre a gente?
domingo, 23 de setembro de 2007
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
honra!
A Lu Fecarotta - amiga queridíssima e blogueira de primeira - sim, porque o blog dela é muito lindo, interessante e ela consegue manter sempre muito atualizado! fora o tom cool, chic, feminino, inteligente que deixa claro que a menina é culta, mas não no sentido blasé, no sentido de quem tem referências mesmo e sabe desfrutar delas na vida. enfim, pago pau! - então. essa mesma pessoa me citou no blog dela! gente, tô me achando!
aí vai a dica, porque vale muito a pena ter esse blog nos favoritos:
http://lufec.blogspot.com/
iuhu!
aí vai a dica, porque vale muito a pena ter esse blog nos favoritos:
http://lufec.blogspot.com/
iuhu!
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
fui para São Paulo!
No feriado do 7 de setembro, eu fui para São Paulo, digo fui e não fiquei porque o ir é se propor a desfrutar uma cidade, como turista mesmo e o ficar é ficar em casa, sair pra jantar e ir ao cinema no máximo, o que é muito diferente.
Pois bem,
no sábado do feriado fui com a Lélia passear na Avenida Paulista. Como moramos na vizinhança, o programa começa sempre na Fnac, nosso ponto de encontro! nos encontramos nas escadarias da Alameda Santos e entramos na livraria. Aí, olha-se umas revistas, escuta-se uns cds, fuça-se nuns eletrônicos...
(aliás, parêntese: por falar em eletrônicos: o que é a loja da apple em NY? até agora não consegui superar esse lugar... você pode mexer em tudo e as coisas são tão perfeitas, que você já desenvolve uma relação de posse: ai, esse MEU macbook! esse MEU iPod! é tão teu que vc tem que sair da loja com o TEU de fato! eu que sou um zero à esquerda com tecnologia fui absolutamente seduzida!, a apple é mesmo foda! mas isso é assunto para outro post, não?)
... saímos da Fnac pela porta da Paulista. esse é sempre o ritual de início dos nossos passeios pela nossa Avenida querida!
Por essa saída, a primeira coisa que se vê é o meu maior sonho de consumo: o Edifício Paulicéia. O nome já diz tudo e o prédio é lindo, a localização: perfeita e toda vez que eu me deparo com essa maravilha eu me aproximo do meu sonho! sim, meu sonho de viver a pé, de morar num lugar de fato urbano na cidade, num prédio de uma época em que se construiam coisas bonitas, e onde a cidade é a extensão da sua casa. Afinal, você põe o pé pra fora de casa e já está na Paulista [literalmente]. Aí, é cinema pra um lado, metrô pro outro, galerias mil a poucos passos, busão sem preguiça! gente, é muita felicidade para uma pessoa só!
Não há coisa que eu queira mais na vida atualmente do que um apê/estúdio no Edifício Paulicéia.
Enfim, seguimos a pé sentido Consolação e passamos pela Fiesp (outra paixão!) e em seguida sentamos para tomar um suco num boteco em frente ao Trianon e em diagonal ao MASP! delícia! com a vista dessa mesa, eu penso: São Paulo é linda!
entramos no MASP para ver a mostra da Bauhaus a agora! de arte contemporânea. e foram as duas horas mais gostosas que eu tive há tempos. saquei meu moleskine e anotei, desenhei, sentei para olhar, olhar, olhar as obras e olhando sair pensando na vida, voltar a olhar pela janela, olhar e admirar a obra que o MASP é em si! como é bom poder se dar tempo para essas coisas! (outro parêntese: a primeira palavra que eu falei na vida foi: - olha!)
saindo de lá, seguimos para a Cultura no Conjunto Nacional, onde me taquei num pufe e li um conto inteiro do Tchekhov. por uns 40 minutos a livraria foi a MINHA sala de estar!
Já recuperadas, seguimos a pé para jantar no La Tartine! depois de comer, voltamos para casa de metrô e fui dormir umas 10 da noite exausta e feliz.
acordei me sentindo turista, porque de fato, esse foi um programa turístico por São Paulo. Saímos saracoteando e fomos dormir cedo, exaustas de um dia inteiro de caminhada, cultura e comida!
E tem coisa melhor no mundo do que viajar e ser turista? essa sensação de ir criando intimidade com um lugar que vamos passar alguns dias, talvez semanas das nossas vidas e depois voltamos pra casa querendo mais intimidade com aquele lugar, o que vira essa saudade boa que viagem dá...
a
Então... só conheço uma: Fazer essas coisas e criar essa intimidade com a nossa própria cidade, uma intimidade que só teremos com ela. porque ela vai estar sempre aqui, porque a gente conhece seus cantos de cor e salteado e aí, podemos chamar aquele pufe de nosso, aquele restaurante de nosso, até o museu de nosso! é intimidade pura e deliciosa, que nem casal que tem a sua música!
a
Pena que a malha urbana de São Paulo não seja contínua e não tenha a articulação que há na minha querida Avenida Paulista! se fosse, seria perfeita e ninguém teria coragem de degradar essa cidade porque entenderia que ela é nossa. nossa sim senhor!
para não falar que só há a Paulista... tem o centro, mas isso é assunto pra outro post e outro passeio! ;-)
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
TWO GETTING ALONG
- Are you meaning company
(companhia japonesa fundada em 1999)
Esse é um trabalho que faz parte da exposição de arte contemporânea que está no MASP agora. São várias plantas de um apartamento em tokyo pintadas com cores diferentes e para cada uma delas, tem uma historinha de duas pessoas (two getting along).
abaixo, os que eu não pude deixar de anotar:
2ga 037 -
he likes fish
she likes a song about fish
his hobby is wind surfing
2ga 005 -
recently, her feature is getting more mature
he seems a student forever
2ga 011 -
they are good friends to each other
they are also good lovers
2ga 014 -
they don't know very much about each other
however, they have been friends for a long time.
2ga 015 -
they go shopping together sometimes
they also talk a lot
2ga 006 -
she says she doesn't need a boyfriend
he would do anything for her
2ga 023 -
he has a lot of love for people
she has a nice smile
they became lovers in their dreams
2ga 029 -
she chooses his clothes
that's why he looks fresh and smart all the time
2ga 047 -
he is the elite
she always does what she wants to do
2ga 040 -
they have the same dream
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti,
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa[e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa[tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Fernando Pessoa - trecho de Tabacaria
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti,
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa[e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa[tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Fernando Pessoa - trecho de Tabacaria
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
segunda-feira
segunda-feira, saí do escritório mais cedo e me dirigi ao curso de estruturas que eu ensaio fazer há uns dois anos. cheguei lá e toquei a campainha. ninguém vem abrir. toco de novo, dessa vez uma tocada boa, comprida, e nada, ninguém vem abrir a porta. aí, toquei várias vezes de uma vez só, tipo tô irritadíssima e nada, ninguém vem abrir a porta. daí eu resolvi ligar pra lélia para pedir o telefone da escola e ligar dando uma bronca:
- Lé, vê pra mim o telefone da escola na internet, por favor? tô aqui há 10 minutos e ninguém vem abrir a porta!
- peraí, vou olhar...
- brigada!
- então cam, o telefone é tal, mas o curso só começa segunda que vem!
hahahahahah! de tão ansiosa pra começar o curso, fui uma semana antes, pode?!
voltei pra casa rindo de doer a barriga!
na mesma segunda-feira mais cedo fui almoçar na casa de uma super amiga, que também é cliente no momento. gente, comi o almoço mais gostoso do mundo na casa dela. juro. a Cássia (que cozinha pra ela) arrasa! arroz 7 grãos com feijão preto. alho poró no azeite com muito alho (irresistível) e carne moída com ervilhas! mas o tempero da Cássia não tem como descrever aqui! ai juro, passei mal de tanto comer!
segundas-feiras podem ser felizes! rá!
- Lé, vê pra mim o telefone da escola na internet, por favor? tô aqui há 10 minutos e ninguém vem abrir a porta!
- peraí, vou olhar...
- brigada!
- então cam, o telefone é tal, mas o curso só começa segunda que vem!
hahahahahah! de tão ansiosa pra começar o curso, fui uma semana antes, pode?!
voltei pra casa rindo de doer a barriga!
na mesma segunda-feira mais cedo fui almoçar na casa de uma super amiga, que também é cliente no momento. gente, comi o almoço mais gostoso do mundo na casa dela. juro. a Cássia (que cozinha pra ela) arrasa! arroz 7 grãos com feijão preto. alho poró no azeite com muito alho (irresistível) e carne moída com ervilhas! mas o tempero da Cássia não tem como descrever aqui! ai juro, passei mal de tanto comer!
segundas-feiras podem ser felizes! rá!
Deixei atrás os erros do que fui,
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exato e feliz.
Tudo isso como o lixo da viagem
Deixei nas circunstâncias do caminho,
No episódio que fui e na paragem,
No desvio que foi cada vizinho.
Deixei tudo isso, como quem se tapa
Por viajar com uma capa sua,
E a certa altura se desfaz da capa
E atira com a capa para a rua.
Fernando Pessoa
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exato e feliz.
Tudo isso como o lixo da viagem
Deixei nas circunstâncias do caminho,
No episódio que fui e na paragem,
No desvio que foi cada vizinho.
Deixei tudo isso, como quem se tapa
Por viajar com uma capa sua,
E a certa altura se desfaz da capa
E atira com a capa para a rua.
Fernando Pessoa
terça-feira, 4 de setembro de 2007
ai. me irritou um pouco esse frenesi de compras de ingressos pro tim festival. um monte de show esgotado no primeiro dia, o auditório pequeno pra tanta gente querendo ir nos shows, etc. daí, fui hoje de manhã pra comprar o que sobrou. nada mal ir ver euro jazz no auditório ibirapuera. resolvi comprar no auditório mesmo, na hora que abre 9 da manhã, pra não chegar tão atrasada no escritório. daí, primeiro que é impossível estacionar no ibirapuera, segundo que o CET fica lá com cara de mau, fazendo pressão pra você não se arriscar a parar numa das 15 vagas de deficientes vazias e o pior, o cara veio falar que eu não podia ficar com o carro parado esperando liberar uma vaga. mau humor total. daí, encosto o carro e chamo o guardinha que não é CET e o cara fala: deixa o carro aí (na entrada da marquise! rá!) que eu olho. mas leva tudo que é de valor e deixa a janela aberta! hahahaha! falou, então! fiquei lá parada à revelia do senhor CET e finalmente consegui uma vaga. segunda bateria de confusões. Eu fui no auditório ibirapuera comprar pra mim e pra lélia. A Bruna foi na Fnac comprar só pra ela e queríamos sentar juntas! hahahaha! no final comprei o assento 1 e o 5, com a certeza de que ninguém ia querer comprar o 3 entre nós. e ufa! deu certo. 15 minutos depois a bru comprou o assento número 3 e daqui a 2 meses, sim, uns 60 dias, vamos as 3 sentar juntas no show de euro jazz do tim festival!
sábado, 1 de setembro de 2007
Outra vez ouço o trem
ao me aproximar de Carpina.
Vai passar na cidade,
vai pela chã, lá por cima.
Detém-se raramente,
pois que sempre está fugindo,
esquivando apressado
as coisas de seu caminho.
Diversa da dos trens
é a viagem que fazem os rios:
convivem com as coisas
entre as quais vão fluindo;
demoram nos remansos
para descansar e dormir;
convivem com a gente
sem se apressar em fugir.
João Cabral de Melo Neto - Morte e vida severina
ao me aproximar de Carpina.
Vai passar na cidade,
vai pela chã, lá por cima.
Detém-se raramente,
pois que sempre está fugindo,
esquivando apressado
as coisas de seu caminho.
Diversa da dos trens
é a viagem que fazem os rios:
convivem com as coisas
entre as quais vão fluindo;
demoram nos remansos
para descansar e dormir;
convivem com a gente
sem se apressar em fugir.
João Cabral de Melo Neto - Morte e vida severina
Argan + Pollock
Se por hipótese absurda, pudéssemos levantar e traduzir graficamente o sentido da cidade resultante da experiência inconsciente de cada habitante e depois sobrepuséssemos por transparência todos esses gráficos, obteríamos uma imagem muito semelhante à de uma pintura de Jackson Pollock, por volta de 1950: uma espécie de mapa imenso, formado de linhas e pontos coloridos, um emaranhado inextricável de sinais, de traçados aparentemente arbitrários, interrompem, recomeçam e, depois de estranhas voltas, retornam ao ponto de onde partiram.
(Argan - História da Arte como História da Cidade)
(Pollock)
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