terça-feira, 14 de agosto de 2007

Paulo Mendes da Rocha à Folha de São Paulo

"Se você não é solidário ao projeto, não pode fazê-lo. Arquitetura não pode ser vista como uma coisa que você encomenda, e você se vira para fazer de qualquer maneira. O primeiro ímpeto de fazer surgir algo, que é o que o arquiteto faz, é uma convocação emotiva."

"Essa sociedade amarga abandonou o centro da cidade e se enfiou no mato. As empresas se mudaram lá para baixo [em direção à zona sul], mesmo avenidas novas são extremamente caipiras, elas têm um ar de subúrbio rico e abandonaram o centro da cidade. Se você deixar degenerar, você reduz o valor imobiliário, compra tudo de novo, reconstrói a cidade... Há quem viva só disso."

"Você tem razão, porque esses edifícios isolados, num "pseudoparaíso", destroem a essência da questão da educação, que é o caminho da escola, com bares e uma infinidade de outras coisas. A universidade apartada assim tira os jovens desse âmbito, da cidade, que é um fator de educação fundamental. É lastimável você fundar e comprar um grande arrabalde e chamar de cidade universitária. Como foi feita, nunca se pensou no transporte público. Todo estudante tem um carro. A escola é pública, mas só dá milionário ali. Não fica bem."

"Você pode perceber como sofre um arquiteto, quão longe dos nossos horizontes está a cidade atual. Isso amargura a nossa existência e faz ver que o fator essencial e objetivo da questão da arquitetura e do urbanismo é político. É uma questão de vontade. O arquiteto, em essência, é um contrariado."

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