domingo, 30 de setembro de 2007

Gosto quando te calas porque estás como ausente
e me escutas de longe; minha voz não te toca.
É como se tivessem esses teus olhos voado,
como se houvesse um beijo lacrado a tua boca.

Como as coisas estão repletas de minha alma,
repleta de minha alma, das coisas te irradias.
Borboleta de sonho, és igual minha alma,
e te assemelhas à palavra melancolia.

Gosto quando te calas e estás como distante.
Como se te queixasses, borboleta em arrulho.
E me escutas de longe. Minha voz não te alcança.
Deixa-me que me cale com teu silêncio puro.

Deixa-me que te fale também com teu silêncio
claro qual uma lâmpada, simples como um anel.
Tu és igual à noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão remoto e singelo.

Gosto quando te calas porque está como ausente.
Distante e triste como se tivesse morrido.
Uma palavra então e um só sorriso bastam.
E estou alegre, alegre por não ter sido isso.
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Sempre que te possuo - amor - entre os meus braços
não sei como é que chegas nem sei como te vais,
quando vou procurar-te, te encontro tão distante
que me parece que não voltarás mais.

Era inverno de angústia a derradeira vez. Vieste.
E rebrotou meu corpo de um pouco de alegria.
E quando eu já pensava que nem tudo era triste,
estremeci de novo com as minhas mãos vazias...

Pablo Neruda

3 comentários:

lufec disse...

ai, cã, este segundo foi baque para domingo à noite, hein? mas é lindo.

cami disse...

lindo de chorar!

Aline disse...

Ahhhhhh eu A-D-O-R-O me gustas cuando callas! Você tirou a foto do Two Getting Along no MASP mesmo? Me apaixonei pela obra. haha desculpa essa intromissão no seu blog, mas eu tava louca por essa foto. Obrigada e beijos